Loucuras da Anna

Vai menina. Escreve antes que a coragem evapore. É fácil, anda logo. Elas também tiveram o primeiro menino delas, então vão entender.
Ah, o primeiro amor... Há glória - e doença também - pior que essa? A primeira paixão é sem dúvida o pior dos males. Tudo é novo, inexplorado, estranho. O processo de admitir que se está apaixonada então, um drama horrível.
Meu primeiro menino, - diferente de muitas aí - não foi o galã da sala ou da escola. Era só um menino comum. Legal, divertido e incrível. Mas comum. Isso, é claro, foi um ponto bom, uma vez que ele não era propriamente disputado, era um pouco mais fácil mas só um pouquinho. Ele apareceu do nada, virou meu mundo de ponta-cabeça e me fez ver beleza onde só tinha tristeza. Ei, isso rimou.. viu o que ele me fazia fazer?
Foi fofo, porque todos me encorajavam. Por que ele também me amava. Bilhetinhos fofos, cartinhas melosas, passeios... muito disso depois, e muita enrolação para beijá-lo também, nossa professora levou nossa turminha pra assistir um filme, na salinha de cinema da escola. O lugar era uma delícia. Ar-condicionado no máximo, poltronas e uma tela bem grandinha. Minhas amigas ocuparam toda primeira fileira. E só havia lugar lá no fundo vago. Do seu lado.
E, de repente, eu soube que era a hora. Me sentei lá e sussurrei "Oi..", mas acho que não precisava nem disso, sabe. Assim que o filme começou a rodar - alguma paródia besta de O Alto da Compadecida - sua mão achou a minha. Eu olhei pra você. Aqueles olhos de um castanho tão puro, brilhante e incrível. Se cabelo preto e lisinho, como o de um anjo. E não pude pensar mais nada. Sua boca achou a minha e foi isso aí.
Foi diferente e maravilhoso. Abraços apertados, pequenos sussurros e coisas nunca confessadas. Depois, só me lembro de ficar aconchegada em você até o filme acabar, e ver o contraste entre a sua mão e a minha toda hora. A minha, pequena, frágil e delicada. A sua, grande, quase o dobro da minha. E achar incrível como mesmo assim elas se encaixavam. Perfeitamente.